
A ‘VII Caminhada em Favor da Luta Antimanicomial’, aconteceu na manhã desta quinta-feira (15), e levou cerca de 70 pessoas, dentre usuários da rede, profissionais e estudantes, às ruas de Jacareí. O evento foi organizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, em celebração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, comemorado em 18 de maio, que promove a conscientização e discussão sobre a extinção de manicômios como um meio de tratamento psiquiátrico no Brasil.
O público presente caminhou do Parque dos Eucaliptos até o Pátio dos Trilhos, onde aconteceram apresentações e atividades artísticas, realizadas por pacientes das oficinas terapêuticas dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
“Falar de saúde mental é falar de dignidade. Precisamos de um olhar empático, que reconheça o sofrimento psíquico sem exclusão, sem rótulos. A luta antimanicomial nos lembra que cuidar é garantir liberdade, respeito e inclusão — é construir uma rede de apoio que valorize a vida em comunidade e os direitos de cada pessoa, e é isso que temos feito em Jacareí”, disse Aguida Fernandes, secretária de Saúde do município.

A artista e estudante de Pedagogia, Isabella Teodoro dos Santos, de 31 anos, mais conhecida como ‘’Isa Blue’’, participou da caminhada e comentou: “eu acho muito importante esse movimento porque as pessoas não se perguntam sobre a situação das pessoas em sofrimento psíquico. Fala-se muito sobre saúde mental, mas poucos realmente entendem o que é viver com sofrimento psíquico. Tenho depressão e TDAH, e tenho um filho com TDAH e outro filho investigando se tem Transtorno do Espectro Autista. Se tivéssemos nascido décadas atrás, provavelmente teríamos sido trancados”.
Isabella realiza tratamento no SIM (Sistema Integrado de Medicina) de Jacareí e comentou sobre: “eu sou usuária do SIM há dois anos, cheguei como uma pessoa com idealização suicida, sem vontade de viver e hoje eu sou uma pessoa diferente, que consegue cuidar dos filhos que tem, então, a acolhida aqui na cidade é muito bem-feita. Mas é preocupante que só se passe a ter dignidade após um diagnóstico. O olhar empático deveria vir antes de qualquer CID”.
CAPS
A política do CAPS é fruto de um longo processo de luta social que culminou com a reforma psiquiátrica, em 2001. O perfil de cuidado dos CAPS segue a linha dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como principal base a universalidade, equidade e integralidade.
O modelo incentiva o convívio com a família e com a comunidade, substituindo progressivamente os manicômios, que são norteados por outros princípios.


